27 de maio de 2017

Por uma vida sem rótulos

Foto: Melina Souza


''Sempre em transformação, nunca acabado, sempre em acabamento'', disse meu professor. Então parei para pensar no que me vem ocorrendo nos últimos dias.


Um tempo atrás decidi que não iria mais comer carne, mas nunca me rotulei vegetariana. Apenas não queria comer carne e ser consciente sobre as os animais e algumas coisas, mas por alguns problemas de saúde meu médico disse que eu não poderia parar de comer carne agora, até meu corpo estar ok. Então, um dia fui a um evento e comi uma torta de frango. Me viram e me disseram:'' ué, mas você come frango?'', tive que me justificar e explicar o motivo de precisar voltar a comer. Outro dia me viram de esmalte na unha e falaram:'' ué mas não era você que não pintava a unha?'' e mais uma vez tive que me explicar sobre estar com vontade de pintar.
As pessoas rotulam tudo e eu odeio a limitação que os rótulos trazem. É tão bom saber que somos seres inacabados. Eu posso ficar um ano sem comer carne, mas não vou me rotular vegetariana porque quando eu quiser comer carne, eu vou comer sem peso na consciência de burlar um rótulo imposto. Quando eu quiser usar salto alto, mesmo que meu momento agora odeie salto, eu vou usar e ponto e se eu quiser usar esmalte na minha unha eu vou usar e quando eu quiser parar novamente, eu vou parar também e ponto.

Somos seres inacabados e o quão bom é essa margem para ser o que quiser, no seu momento, vivendo o seu processo, construindo aquilo que você quer ser, mudando seus gostos e se descobrindo a todo momento, com a certeza de que o conhecimento não é linear e que as vezes precisamos voltar o andaime para irmos a um outro lugar. 

Não dá para definir o que somos de imediato, mas podemos afirmar que estamos na posição de algo e temos total liberdade para ser algo agora e daqui a três minutos mudar de ideia. Isso não é apenas inconstância, isso é a certeza de que estamos em transformação, em acabamento e não acabados. E graças a Deus não acabados, pois que ruim seria ser uma pessoa rotulada, dentro da caixinha que nos limita e diz que não podemos mudar de ideia. 
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Cris.

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